segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O peso de existir

Eu sempre quero levar o mundo nas costas.
Apesar do meu colchão não estar lá essas coisas.
Deve ser por isso que elas doem.


Henrique Almeida

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Devaneio 7 e meia.

Hoje ele acordou com aquela nostalgia da infância.
Lembrou de quando era criança e na novidade do CD, foi com seu pai a loja comprar, um do Tim Maia um dos Racionais Mc's um do Tom Jobim e um do James Brown.
Lembrou de como era gostoso acordar no sábado de manhã ouvindo o ritmo quebrado do pandeiro do mestre Bira presidente, e de como acordava danado no domingo as oito da manhã, para comprar pão na venda da Maria, tomar café corrido e ver a largada da corrida. E após a bandeirada final, ouvir todas aquelas canções, de Cristina a Capitulo 4 Versículo 3, de Luiza a Superbad, era incrível como ele adorava e decorava aquelas músicas.
Lembrou do seu par de super amigos, Sanção e Dalila, sortudos, vira latas, ganharam nomes tão chiques graças a paixão compulsiva de seu avô pela história.
E seu avô, o homem mais engraçado que ele já conheceu, um senhor de 60 anos fotógrafo, ou devo dizer “fostrofo” profissional.
Lembrou de sua avó abraçando o pé de graviola, maracujá caju e cajá, e como ele se divertia vendo ela conversar com aquelas folhas.
O devaneio durou cinco minutos até que o relógio despertou novamente, acordou tomou um banho, acendeu um cigarro e foi trabalhar.


Henrique Almeida

terça-feira, 20 de outubro de 2009

_ Oras, esse é o meu jeito

Ela não entende o fato dele ser tão estranho.
Mas oras, esse é o jeito dele.

Ela não entende o fato dele se expressar melhor com penta tônicas, aumentadas e diminutas, do que com a boca, caneta e teclado.
Mas oras, esses é o jeito dele.

Ela não entende o fato dele ser o simpático mais fechado que ela conhece.
Mas oras, esse é o jeito dele.

Ela não entende o fato dele ser o cara mais sensível e mais grosso que ela conhece.
Mas oras, esse é o jeito dele.

Ela não entende o fato de doer tanto para ele, o fato de não ser entendido por ela.
Mas oras, esse é o jeito dele.

Por fim, ela não entende ele justificar todos os seus defeitos dizendo:

_ Oras, esse é o meu jeito.



Henrique Almeida

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nêga.

Ele achou uma nêga.

Uma nêga para passar a vida inteira.

"Que lhe maltrata, machuca e lhe fundi a cuca".

Mas apesar das dores repentinas ele sonha lhe dar um vestido branco e firmar compromisso.

Uma nêga de pele branca, olhos escuros e sentimentos claros.

Uma nêga diferente no jeito de ser e na maneira de pensar.

Uma nêga não Amélia, uma nêga feminista, feminina.

Uma nêga que se parece com ele de formas totalmente diferentes.

A amiga e a amante.

A admiração fisica e psicológica.

A vontade de estar, bem estar.

"Que nêga é essa?"


Henrique Almeida

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

To planejando

Quando eu tinha 4, eu planejava ser cientista.

Quando eu tinha de 4 a 6, eu planejava ser compositor de Samba.

Quando eu tinha de 6 a 10, eu planejava ser jogador de futebol.

Quando eu tinha de 10 a 12, eu planejava ser escritor.

Quando eu tinha de 12 a 15, eu planejava ser um astro do rock.

Quando eu tinha de 15 a 17, eu planejava ser guitarrista do Natiruts.

Quando eu tinha de 17 a 19, eu planejava ser igual ao James Brown

Mas agora. Ainda não, to planejando.




Henrique Almeida